21 dicas para um(a) quadrinista independente.
Teaser da minha terceira HQ independente Limiar: Dark Matter |
Olá camarada, tudo certo?
Faz três anos e três meses que vivo somente pelos quadrinhos. Durante este curto período de tempo produzindo minhas HQ percebi alguns detalhes que funcionavam legal para o meu trabalho.
Somado a isso, nos últimos seis meses tenho recebido alguns e-mails e mensagens de outros autores iniciantes – assim como eu – procurando tirar algumas dúvidas em relação a divulgação, precificação, roteiro, ideias, festivais de quadrinhos e muitas outras questões pertinentes.
Foi exatamente desta forma que se originou a ideia para essa postagem. Fiz a segunda parte chamada + 12 dicas para um quadrinista independente e você pode conferir neste link.
Um detalhe que gostaria de destacar é que estas dicas funcionaram e ainda funcionam para mim e assim, podem não ser necessariamente útil para seu método de trabalho. Pode até parecer pretensão mas como acredito muito no famoso
Capa da minha segunda HQ independente O Quarto Vivente |
jargão punk do it yourself, sinto que devo passar adiante para você que está começando nesta labuta tão prazeirosa que é fazer quadrinhos.
Espero que de alguma forma qualquer uma destas dicas possam te auxiliar. Muito bem, vamos ao que interessa!
Minhas 21 dicas para um quadrinista independente.
01. Para que você produza sua HQ é necessário antes de tudo gostar de quadrinho. Mas um(a) quadrinista que só lê HQ não vai produzir algo muito diferente do que já se espera. Procure ler de tudo, assista a filmes, séries, pesquise a fundo um assunto que te interessa. Seja curioso. Seja observador.
02. Sua primeira HQ deve ser curta. De dez a vinte páginas está ótimo!
Capa da minha primeira HQ independente Luzcia, a Dona do Boteco Leia online aqui |
03. Com a ideia na cabeça, escreva todo roteiro da sua HQ para somente então começar a desenhar. Esse é um ponto primordial! Trate bem o roteiro. O desenhos das páginas ficarão mais simples de serem executados e darão menos dor de cabeça com um bom roteiro dissecando todos os quadros e páginas.
04. Com o roteiro pronto é hora de sentar e começar a desenhar. Seja paciente e desenhe. Não desanime e desenhe. Seja persistente e desenhe, desenhe e desenhe.
05. Agora já com as páginas prontas, revise o texto do seu quadrinho. Peça para pessoas de sua confiança ler sua HQ para ver se nenhum erro passou batido. Erros de português são sempre notados, apontados e podem desmerecer todo seu trabalho.
06. Com sua revista impressa, envie sua HQ para sites especializados em quadrinhos para uma possível resenha. Sites com o Pipoca e Nanquim e Universo HQ são excelentes meios para saber como seu quadrinho pode ser recebido por um possível leitor.
07. Monte um blog para concentrar seu trabalho e por onde possa vender online sua HQ. Mantenha uma regularidade nas atualizações deste blog. Esse item é de suma importância!
08. Use as redes sociais para divulgar seu trabalho em quadrinhos sempre embasado pelo seu blog. As redes sociais tem seu tempo de maturação e inevitavelmente são substituídas. Assim não dependa exclusivamente delas para divulgar seu quadrinho. Digo que as redes sociais tem seu tempo de vida pois tenho certeza que você não usa mais o ICQ, o Fotolog ou Orkut, certo? Assim, de ênfase ao seu blog.
09. Quando for enviar sua HQ via Correios, faça um bom pacote com plástico bolha e se necessário um papelão para dar firmeza ao pacote. Afinal, quando você recebe uma revista que comprou via Correios não gosta de nenhum amassado. Cuide para que a sua HQ chegue intacta ao destino final.
10. Envie sua revista via Correios através de uma Carta Registrada – Módico. O custo é menor por se trata de literatura e você terá o número de rastreio da encomenda para acompanhar o andamento do envio.
11. Como você tem o número de rastreio do envio da sua HQ, acompanhe o pedido através do site dos Correios para ver quando a mesma for entregue. Envie um e-mail perguntando ao destinatário se o pacote foi suficiente para toda viagem. Isso não custa nada, vai tomar 5 minutos do seu dia e você vai parametrizar se o seu pacote está legal o suficiente para toda truculenta viagem e transporte que sua revista enfrentará.
12. Vá para os Festivais de Quadrinhos pois é ali que tudo e todos vão se concentrar. Ali estarão os quadrinistas, roteiristas, desenhistas, ilustradores, editoras, editores e o publico consumidor. FIQ, CCXP e Gibicon são excelente exemplos de festivais onde seu trabalho pode ser muito bem difundido e divulgado.
13. Entenda que sua HQ é um produto de entretenimento e que estando em um Festival de Quadrinhos você vai ter que vender esse produto. Seja agradável na venda.
14. Saiba em poucas palavras contar sobre o que se trata seu gibi.
15. Tenha uma periodicidade na produção dos seus quadrinhos. Uma HQ a cada ano e meio está de bom tamanho.
16. Quando receber um e-mail, mensagem ou qualquer forma de contato de um leitor, responda. Separe um horário e alguns minutos do seu dia para isso. Isso é extremamente recompensador para você autor e para quem enviou o e-mail e aguarda uma resposta.
17. Para chegar no valor de venda da sua revista tenha em mente o custo unitário vindo diretamente da gráfica, as taxas percentuais sobre as vendas que o PayPal ou qualquer outra ferramenta de venda online cobra. Não se esqueça das taxas percentuais das máquinas de cartão de crédito e débito. Entenda que a revista tem que se pagar com pelo menos metade da tiragem vendida.
18. Confie no seu trabalho. Acredite na sua história, no seu traço (se você também for desenhista) e na sua história em quadrinhos com um produto final.
19. Não balize ou parametrize seu trabalho pelo o que estiver sendo bem aceito pelo mercado. Se fizer desta forma seu trabalho será apenas um genérico do que já existe. Faça o que acredita que deve ser feito e da forma que deve ser feito. Conte a história que deseja mostrar ao público leitor. Entenda que seu trabalho é um trabalho único.
20. Aceite que o início é sempre lento e aproveite para aprender com cada crítica, resenha e comentário que receber sobre sua HQ.
21. Por último e não menos importante: jamais subestime o leitor.
Luciano Salles.